Luxemburgo foi uma daquelas paradas estratégicas no meio de um roteiro maior — no nosso caso, entre a Holanda e a Suíça. Ficamos pouco tempo na cidade, mas o suficiente para ter boas (e divertidas) histórias para contar, além de conhecer um pouco desse pequeno país que mistura modernidade, charme medieval e muita natureza. Logo na chegada, já vivemos um mico memorável. Estávamos reclamando do fato do motorista de táxi não saber o caminho para uma região super turística e conhecida… até que percebemos que ele entendia cada palavra. Sim, ele era português! Só depois descobrimos que Luxemburgo tem uma comunidade enorme de portugueses. Então já fica a primeira dica: cuidado com o que você fala!
Curiosidade: Por que tem tantos portugueses em Luxemburgo? O português é uma das línguas mais ouvidas nas ruas de Luxemburgo — e isso tem uma explicação. Desde as décadas de 1960 e 1970, o país recebeu um grande fluxo de imigrantes portugueses, atraídos por oportunidades de trabalho na indústria do aço, na construção civil e em serviços. Na época, Portugal vivia um período difícil, marcado pela ditadura do Estado Novo e pela Guerra Colonial, e muitos buscaram melhores condições de vida no exterior. Hoje, os portugueses e seus descendentes representam cerca de 15% da população luxemburguesa, formando a maior comunidade estrangeira do país. É tão comum ouvir português que, em alguns bairros e estabelecimentos, ele acaba sendo quase uma “segunda língua oficial”.
Nossa experiência em Luxemburgo
Chegamos a Luxemburgo já à noite e fomos direto para o Hotel Sofitel Luxembourg Europe, um cinco estrelas super confortável no bairro de Kirchberg — aquela parte moderna da cidade, cheia de prédios novos e instituições da União Europeia. O quarto era ótimo, espaçoso e com uma cama que praticamente nos abraçou. Antes de descansar, aproveitamos para jantar no Oro e Argento, o restaurante do hotel, que serve pratos com um toque italiano — foi a melhor forma de começar (ou encerrar) o dia de viagem. (Att: O restaurante fechou)
No dia seguinte, depois de um café da manhã maravilhoso, saímos para explorar. Logo de cara, demos de frente com a Filarmônica de Luxemburgo, praticamente vizinha do hotel, com seu prédio moderno e cheio de colunas brancas que chamam a atenção. A poucos passos dali está a sede administrativa do Parlamento Europeu — não é aberta para visitação, mas rende aquela foto de “estive aqui” para quem gosta de política.
De lá, pegamos o VLT e seguimos para o centro. Caminhar por Luxemburgo é como passear por um cenário de filme: ruas charmosas, prédios históricos e praças cheias de vida. Nosso almoço foi no clássico Café Français, bem no coração da Place d’Armes, que estava movimentada mesmo com o céu fechado. Dali, andamos até a Praça Guillaume II, onde fica a prefeitura e a estátua equestre do grão-duque — tudo muito bonito e bem cuidado.
No fim da tarde, chamamos um táxi e pedimos para o motorista nos deixar no Grund, um dos bairros mais charmosos de Luxemburgo. Localizado na parte baixa da cidade, às margens do rio Alzette, ele é conhecido pelas casinhas coloridas, ruas de paralelepípedo e pontes históricas que rendem fotos lindas, com a parte alta de Luxemburgo ao fundo. Ali também está o Mosteiro de Neumünster, um conjunto histórico do século XVII que hoje funciona como centro cultural, mas que já foi hospital militar e prisão. Depois de explorar o bairro e caminhar ao longo do rio, subimos para a região medieval, onde ficam as antigas muralhas e mirantes.
Ali está a famosa Chemin de la Corniche, apelidada de “a varanda mais bonita da Europa”. Construída sobre as muralhas da cidade, ela oferece vistas panorâmicas impressionantes do vale do Alzette e do Grund. É o tipo de lugar que faz você parar por alguns minutos só para admirar — e talvez tirar “só mais uma” foto.
De lá, seguimos em direção ao Palácio Grão-Ducal, mas no meio do caminho a chuva resolveu apertar de vez — e com força. Resultado: abortamos a missão e nos abrigamos no Ennert de Steiler, um bar aconchegante e perfeito para terminar o dia.
O que fazer em Luxemburgo: principais atrações
Luxemburgo é pequeno no mapa, mas cheio de lugares que contam histórias — e não só nos livros. Das muralhas medievais aos prédios modernos que abrigam instituições europeias, cada ponto da cidade revela um capítulo diferente. Se você tiver mais tempo por lá, vale incluir no roteiro alguns lugares que unem beleza e um baita peso histórico.
Casemates du Bock
Uma das atrações mais impressionantes da cidade, as Casemates são uma rede de túneis e galerias subterrâneas construídas no século XVII para proteger Luxemburgo durante as guerras. Com mais de 17 km de extensão (hoje apenas parte está aberta ao público), essas fortificações valeram à cidade o título de Patrimônio Mundial da UNESCO. Elas contam a história de como Luxemburgo se tornou uma das praças-fortes mais importantes da Europa.
Catedral de Notre-Dame – O que fazer em Luxemburgo
Construída entre 1613 e 1621 pelos jesuítas, a catedral é um belo exemplo de arquitetura gótica tardia com elementos renascentistas. No seu interior repousa a cripta com os grão-duques e grão-duquesas de Luxemburgo, além de um vitral impressionante que retrata a Virgem Maria, padroeira da cidade. É um símbolo religioso e histórico do país.
Palácio Grão-Ducal
Residência oficial do grão-duque, chefe de Estado de Luxemburgo, o palácio foi construído no século XVI como sede da prefeitura da cidade. Sua fachada em estilo renascentista flamengo é um ícone arquitetônico. Durante algumas semanas no verão, o interior é aberto para visitas guiadas, revelando salões luxuosos e a sala onde são recebidos líderes de todo o mundo.
Elevador Pfaffenthal – O que fazer em Luxemburgo
Inaugurado em 2016, o elevador liga a parte alta da cidade ao bairro de Pfaffenthal, vizinho ao Grund, em apenas 30 segundos. Com paredes de vidro e uma plataforma panorâmica, oferece vistas espetaculares do vale e é uma forma rápida (e divertida) de vencer o desnível entre as duas áreas. É gratuito e funciona diariamente, sendo uma boa opção para quem quer conhecer o Grund sem encarar as subidas íngremes a pé.
MUDAM (Museu de Arte Moderna de Luxemburgo)
Inaugurado em 2006, o MUDAM é um marco da cena cultural luxemburguesa. O prédio, projetado pelo arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei (o mesmo da pirâmide do Louvre), combina ruínas de uma fortificação do século XVIII com uma estrutura contemporânea de vidro e aço. O acervo mistura artistas luxemburgueses e internacionais, com exposições que dialogam entre tradição e inovação.
Museu Nacional de História e Arte – O que fazer em Luxemburgo
Localizado no centro histórico, o museu preserva peças que vão da pré-história até a arte contemporânea. Um dos destaques é a coleção arqueológica que conta a história da região desde os tempos romanos, além de obras que mostram a evolução da identidade luxemburguesa ao longo dos séculos.
Onde comer em Luxemburgo
Mosconi – Na época da nossa visita, jantamos no Oro e Argento, que ficava dentro do Hotel Sofitel Luxembourg Europe. Era um restaurante com inspiração italiana e pratos impecáveis, mas que fechou desde então. Por isso, nossa dica atual é o Mosconi. Localizado no charmoso bairro Grund, às margens do rio Alzette, o italiano é estrelado pelo Michelin e considerado um dos restaurantes mais renomados do país. O cardápio traz receitas italianas clássicas com execução impecável e ingredientes selecionados, servidas em um ambiente elegante e intimista. Perfeito para quem quer uma experiência gastronômica especial durante a viagem. mais informações AQUI
Le Café Français – Bem no coração da Place d’Armes, esse é um clássico da cidade e perfeito para uma pausa no meio do passeio. O cardápio mistura pratos franceses e luxemburgueses, e você pode escolher desde saladas e massas até carnes e peixes. Em dias de clima agradável, a melhor pedida é sentar nas mesas externas para observar o movimento. Mais informações AQUI.
Brasserie Guillaume – Na Praça Guillaume II, essa brasserie é parada obrigatória para quem ama frutos do mar. Ostras fresquinhas, pratos clássicos e uma carta de vinhos bem variada fazem sucesso por lá. O clima é descontraído, mas com aquele charme europeu. Se for na alta temporada, vale reservar. Mais informações AQUI
Dica extra: Se tiver tempo, visite Vianden, bate e volta de Luxemburgo
Localizada ao norte de Luxemburgo, Vianden é uma das cidades mais fotogênicas do país. O destaque é, sem dúvida, o Castelo de Vianden, que domina a paisagem lá do alto com vista para o rio Our. Construído entre os séculos XI e XIV, ele já foi casa dos condes de Vianden e passou por uma restauração caprichada, que manteve o clima medieval. E a boa notícia: dá pra visitar por dentro! O ingresso inclui acesso a salões decorados, à capela gótica, à sala dos cavaleiros, às torres e a exposições que contam a história do castelo e da região. Se quiser, dá para pegar um audioguia em vários idiomas e entender cada cantinho.
Chegar até lá é fácil: são cerca de 50 km da capital, o que dá uns 50 minutos de carro. De transporte público, é só pegar um trem até Ettelbruck e depois um ônibus direto para Vianden — a viagem leva cerca de 1h30. E não é só o castelo que vale a visita: o centrinho tem ruelas fofas, cafés convidativos e a Casa de Victor Hugo, onde o escritor francês morou por alguns meses no século XIX. Lá dentro tem objetos pessoais, manuscritos e até desenhos que ele fez durante a estadia.