Vale do Loire: roteiro de 3 dias

Explore o Vale do Loire em um roteiro de 3 dias passando por Amboise, Chenonceau e Villandry, com dicas de quando ir, como se locomover, onde se hospedar e os melhores restaurantes em Tours e Amboise. Descubra a história de castelos icônicos, admire jardins renascentistas e aproveite a gastronomia local, em uma das regiões mais charmosas e românticas da França.
Renata Assunção

O Vale do Loire, na França, é famoso por seus castelos de contos de fadas, jardins renascentistas e vinhos premiados. Nossa base foi Tours, cidade charmosa e bem localizada para explorar châteaux como Amboise, Chenonceau e Villandry. Chegamos em pleno verão, com o termômetro marcando 36 °C e sensação térmica de mais de 40 °C. Mesmo assim, decidimos explorar a pé: atravessamos a Ponte Wilson sobre o rio Loire e caminhamos até a movimentada Place Plumereau, repleta de gente aproveitando o happy hour.

Depois de quase uma hora procurando mesa, desistimos e voltamos para o hotel — decisão que rendeu um jantar memorável no restaurante do Château Belmont, com mousse de queijo de cabra e pato com risoto no ponto perfeito. Uma das melhores refeições da viagem e um ótimo começo para nosso roteiro no Vale do Loire.

Por que visitar o Vale do Loire

Conhecido como o “Jardim da França” e declarado Patrimônio Mundial da UNESCO, o Vale do Loire é um convite para viajar no tempo. Entre vilas medievais e vinhedos, encontram-se castelos suntuosos, muitos ligados a personagens como Leonardo da Vinci, Catarina de Médicis e Diane de Poitiers. É uma viagem que combina história, arte, gastronomia e paisagens cinematográficas. Se você gosta de destinos assim, também vale ver nosso post sobre a rota de Champagne e o roteiro de Paris para combinar no mesmo itinerário.

Vista do castelo de Amboise Vale do Loire - Foto: Fernando Cravos
Vista do castelo de Amboise – Vale do Loire – Foto: Fernando Cravos

Quando ir e quanto tempo ficar

  • Primavera (abril-maio) e outono (setembro-outubro): clima mais ameno, jardins floridos ou com cores outonais e menos turistas.
  • Verão (junho-agosto): dias longos, mas prepare-se para calor intenso e mais movimento.
  • Inverno: alguns castelos fecham ou reduzem horários, mas há menos filas e preços mais baixos.

Para este roteiro, 3 dias inteiros permitem conhecer os principais castelos da região, mas quem quiser incluir mais cidades e vinícolas pode estender a viagem para 5 a 7 dias.

Como chegar e se locomover

O ponto de partida mais prático é Tours, a cerca de 1h30 de Paris de TGV. Para explorar os châteaux, alugar um carro é a melhor opção — assim você define seu ritmo e visita lugares menos turísticos. Se preferir transporte público, alguns castelos têm acesso por trem regional ou ônibus, mas a logística fica mais limitada.

Vale do Loire Chateau Chenonceau
Vale do Loire – Chateau Chenonceau – Foto: Fernando Cravos

Onde se hospedar no Vale do Loire

Para este roteiro, ficamos hospedados no Château Belmont – The Originals Collection, em Tours. O hotel tem quartos confortáveis, decoração elegante e áreas externas agradáveis. O restaurante é excelente (nosso jantar de mousse de queijo de cabra e pato com risoto foi um dos melhores da viagem) e o café da manhã é variado. Há estacionamento no local, piscina coberta e spa — perfeito para relaxar depois das visitas aos castelos.

Château Belmont – The Originals Collection
Vale do Loire – Hotel Château Belmont – The Originals Collection

Tours ou Amboise? Tours é ideal para quem busca variedade de restaurantes, fácil acesso a transportes e vida urbana animada. Amboise é mais charmosa e próxima de vários castelos, perfeita para um clima romântico e caminhadas noturnas pelo centro histórico.

Outras opções em Tours:

  • Oceania L’Univers Tours – Hotel histórico no centro, com spa e piscina coberta.
  • Best Western Plus L’Artist Hotel – Opção moderna perto da estação de trem, com bom custo-benefício.

Outras opções em Amboise:

  • Le Clos d’Amboise – Casarão do século XVII com jardim e piscina.
  • Hotel Au Charme Rabelaisien – Hotel boutique no centro, ideal para casais.

Nosso roteiro no Vale do Loire

Vista do Castelo de Amboise

Dia 1 – Château d’Amboise e jantar no Le Clos d’Amboise

O Château d’Amboise é um dos símbolos do Vale do Loire. Com arquitetura que mistura gótico e renascimento, foi residência real nos séculos XV e XVI. Na Capela de Saint-Hubert, repousam os restos mortais de Leonardo da Vinci, que viveu seus últimos anos na cidade a convite de Francisco I. O castelo mantém mobiliário e objetos da época, além de jardins suspensos com vista para o Loire. Uma dica é usar o HistoPad, tablet interativo que reconstrói os ambientes como eram na época dos reis.

Depois da visita, aproveitamos para caminhar pelo centro de Amboise, que é cheio de lojinhas, cafés e ruas de paralelepípedo. Foi lá que tivemos outro jantar memorável, no Le Clos d’Amboise, restaurante de hotel instalado num casarão do século XVII com um belo jardim. Escolhemos lagosta com legumes — sabor impecável e ambiente perfeito para um jantar romântico.

Dia 2 – Château de Chenonceau: o castelo das Sete Damas

O Château de Chenonceau é um dos mais visitados da França e tem uma história digna de romance. Construído sobre o rio Cher, foi presente do rei Henrique II para a amante Diane de Poitiers. Após a morte do rei, a rainha Catarina de Médicis tomou posse do castelo, ampliou os jardins e promoveu festas memoráveis. Durante a Primeira Guerra Mundial, Chenonceau funcionou como hospital, atendendo mais de 2 mil feridos. Na Segunda Guerra, a galeria sobre o rio se tornou passagem para a zona livre, já que o Cher marcava a linha de demarcação entre territórios ocupados e livres. Reserve pelo menos meio dia para a visita: explore a galeria, as cozinhas históricas, os quartos decorados e os jardins de Diane e Catarina.

Chenonceau, também conhecido como o “Castelo das Sete Damas”

Por que Chenonceau é conhecido como o “Castelo das Sete Damas”? O apelido vem das sete mulheres que marcaram a história do castelo, seja por governá-lo, transformá-lo ou protegê-lo. Entre elas estão: Katherine Briçonnet, que supervisionou a construção no início do século XVI; Diane de Poitiers, amante de Henrique II, que criou o jardim e a ponte sobre o rio Cher; e Catarina de Médicis, que tomou o castelo após a morte do rei e construiu a famosa galeria sobre a ponte. Séculos depois, outras mulheres, como Louise de Lorraine (viúva de Henrique III), Louise Dupin (que salvou Chenonceau da destruição durante a Revolução Francesa) e Simonne Menier (que transformou o castelo em hospital na Primeira Guerra), deixaram sua marca. Essas histórias somadas fazem de Chenonceau um símbolo do protagonismo feminino na história francesa.

Depois de uma longa visita, nada como descansar tomando um bom vinho. Resolvemos almoçar no restaurante que fica dentro da propriedade, o L’Orangerie. O dia estava quente e pedimos um vinho branco para acompanhar, mas a temperatura da bebida não parecia tão gelada quanto estamos acostumados no Brasil. Pedimos gelo — duas vezes — até que a garçonete, já um pouco impaciente, soltou um “again” com aquele clássico ar rabugento francês. Só depois entendemos que, além de estranhar nosso excesso de gelo, ela seguia a tradição local de servir o vinho branco a uma temperatura mais alta do que a nossa, entre 8 °C e 12 °C, para realçar aromas e sabores. Saímos não apenas bem alimentados, mas também com uma nova recomendação sobre como apreciar um bom vinho branco.

Dia 3 – Château de Villandry: arte nos jardins

O Château de Villandry impressiona pela simetria e perfeição dos seus jardins renascentistas. Cada área tem um tema — amor, música, cruzadas — representado em desenhos geométricos formados por flores e arbustos. Há ainda um potager ornamental (horta decorativa), labirinto, espelhos d’água e um mirante com vista panorâmica. Os jardins estão abertos o ano todo, mas o castelo segue calendário próprio. Vale programar a visita para o final da tarde, quando a luz deixa os canteiros ainda mais fotogênicos.

Jardins Renascentistas do Château de Villandry - simetria e perfeição
Jardins Renascentistas do Château de Villandry – simetria e perfeição

O Vale do Loire é um destino que encanta por unir história, beleza e boa mesa. Seja admirando o pôr do sol sobre os jardins de Villandry, atravessando a galeria de Chenonceau ou brindando com um vinho local em Amboise, cada momento parece saído de um livro de histórias. Se estiver pela região, aproveite para visitar vinícolas próximas, como as de Vouvray e Montlouis-sur-Loire, famosas pelos vinhos brancos e espumantes.

Veja > Vale do Loire na França: castelos, vinhos e muitas dicas – Conexão Paris

Veja também > Pontos turísticos do Vale do Loire – Melhores Destinos