Praga recebe quase oito milhões de turistas por ano e está entre as dez cidades mais visitadas da Europa. Não é à toa. Além de uma beleza de tirar o fôlego, a metrópole que tem mil anos de história e diversos estilos arquitetônicos diferentes é vibrante e interessante. Isso sem falar nos preços, bem mais convidativos que os das capitais que cobram em euros. Mas, justamente por causa deste enorme sucesso, é preciso se organizar para não passar perrengue e perder a paciência em filas que se formam até para comprar água e ir ao banheiro. Principalmente se você for no verão.
Transporte – O que fazer em Praga
A parte histórica da cidade é relativamente pequena e você conseguirá conhecer quase tudo a pé. Recomendamos usar o transporte público apenas para ir ao Castelo de Praga, porque a subida é muito cansativa. Nós pegamos um táxi, mas você também pode ir de ônibus ou metrô.
Fotos: Fernando Cravos
Hospedagem – O que fazer em Praga
Nos hospedamos no ótimo Hilton Old Town, super bem localizado. Ele fica perto dos pontos turísticos, mas ao mesmo tempo não está em uma rua super lotada, o que garante mais tranquilidade. O quarto é confortável, silencioso, o café da manhã delicioso e o atendimento foi super eficiente. Gostamos tanto que estendemos nossa estadia por mais alguns dias. Aliás, uma das recepcionistas é brasileira e não mediu esforços para nos ajudar em tudo o que precisávamos. Obrigado Amanda! A concierge também conseguiu contratar uma guia pra gente que foi um dos pontos altos da viagem, vamos falar sobre ela mais à frente. Também gostamos do restaurante do hotel e jantamos duas vezes durante nossa estada.
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Outras opções de hospedagem
Opções 5 estrelas
Golden Well (nota: 9,6) – O hotel boutique Golden Well possui uma das melhores localizações de Praga, a 7 minutos a pé da Ponte Carlos e a 3 minutos da Praça de Malá Strana.
Hotel boutique Ventana (nota: 9,1) – O hotel fica em um palácio neo-renascentista, tem quartos elegantes e a localização é excelente.
Opções 4 estrelas
Hotel Schwaiger (nota: 9,5) Decorados nos estilo dos anos 20 (Primeira República da Tchecoslováquia), os quartos são bem decorados e confortáveis.
Appia Residences (nota: 9,5): O Appia Residences é muito bem decorado e a localização é boa, perto do castelo de Praga.
O que fazer em Praga
O que fazer em Praga:
- Museu do Comunismo
- Castelo de Praga
- Ponte Carlos IV
- Catedral de São Vito (dentro do Castelo de Praga)
- Prédio cubista
- Orloj (torre do relógio da prefeitura)
- Praça da Cidade Velha
- Praça Venceslau
- Torre de Pólvora
- Igreja Nossa Senhora Vitoriosa (onde fica a imagem do Menino Jesus de Praga)
1 – Museu do Comunismo
No primeiro dia fomos visitar o Museu do Comunismo. O museu tem objetos do período, faz algumas reproduções, apresenta entrevistas e coloca nas paredes bastante texto. Fernando resolveu ler tudo. Resultado? Seis horas lá dentro. Mas não se assuste, o tempo médio gasto nesta visita é de duas horas. Saímos de lá super interessados e decidimos que iríamos em busca de uma guia, de preferência uma que tivesse vivido neste período. E foi assim que conhecemos a Dagmar.
Nossa guia Dagmar e sua vivência
A Dagmar passou metade de sua vida durante o período da ditadura comunista e a outra metade já na democracia capitalista. É muito interessante escutar seu depoimento e aproveitamos para fazer várias perguntas… sobre o sistema de saúde, a educação, a segurança, todos os prós e contras. Apesar de ser filha de um funcionário do partido Comunista e de criticar o Museu do Comunismo de Praga feito por um americano, ela é firme em dizer que não compreende quem, ainda hoje, depois de ter visto e vivido o que foi a ditadura comunista, defende o sistema. “Não me peçam para comparar. É como falar do dia e da noite, não há comparação. Mas, se posso dizer algo que realmente faz a diferença hoje, é a minha liberdade de ir e vir e de falar o que eu quiser, sem medo. Aliás, é essa a maior diferença: viver sem medo”, disse.
Contratamos a Dagmar para nos auxiliar em nossa visita a Praga durante dois dias, quatro horas por dia. No primeiro conheceríamos os pontos mais importantes da cidade e no segundo iríamos para o Castelo. No primeiro dia, saímos do hotel e fomos bater um papo no ótimo café Kavárna Obecní Dum, que fica na Casa Municipal. O prédio é um importante símbolo da Art Nouveau em Praga. Dagmar nos contou um pouco sobre a história da cidade, que tem 11 séculos, e nos mostrou o mapa para que nos localizássemos melhor.
2 –Torre de Pólvora – O que fazer em Praga
Começamos nosso passeio pela Torre de Pólvora, que foi uma das 13 torres de defesa da cidade medieval e a única ainda de pé. Ali você consegue perceber a divisão entre a Cidade Nova e a Cidade Antiga e pode também subir na torre para apreciar a vista.
3 – Prédio cubista – O que fazer em Praga
Depois de ver a torre, continuamos a caminhada e passamos por alguns prédios importantes, um deles exemplo de arquitetura cubista. Assim como nós, muita gente conhece o movimento cubista por causa de importantes artistas como Picasso e Braque, mas só na República Tcheca você vai encontrar exemplos da arquitetura cubista. O prédio que vimos chama-se “Casa da Nossa Senhora Negra”, foi desenhado por Josef Gocár e é onde funciona atualmente o Museu do Cubismo. Dizem que o Gran Café Orient, que fica no primeiro andar do edifício, é ótimo.
4 – Praça de Old Town
Seguimos até a praça de Old Town, um dos principais cartões postais de Praga. Na praça nós vimos exemplos de diferentes arquiteturas, tais como gótica, rococó e renascentista, além de prédios mais recentes, construídos já no século 20. Dois monumentos chamam a atenção dos turistas. Um deles é a estátua de Jan Huss, um tcheco que ficou famoso por iniciar uma reforma religiosa sendo um dos precursores do movimento protestante, antes mesmo de Lutero. Outro é o Orloj, o relógio astronômico medieval que fica no prédio da Prefeitura. Nas horas cheias você poderá assistir a uma apresentação de bonecos que representam os apóstolos e outras esculturas em movimento. No finalzinho, repare no galo batendo as asas.
5 – Jantar em prédio símbolo da Art Nouveau
Terminamos o nosso dia no mesmo prédio onde começamos, a Casa Municipal. Além do café, o espaço possui também um ótimo restaurante, o Francouzská. Quando fomos tinha um pianista tocando música clássica. Ambiente super elegante e comida boa.
6 – Praça Venceslau – O que fazer em Praga
Venceslau I foi duque da Boêmia no século X, subiu ao trono com apenas 18 anos e foi assassinado dez anos depois por aliados do seu irmão, que estavam descontentes com o governo. Ele foi sepultado na Igreja de São Vito e canonizado logo após sua morte. São Venceslau é hoje considerado padroeiro da República Tcheca.
Praça foi palco de lutas populares importantes
A praça tem uma história importante de manifestações populares. A luta contra o nazismo e a celebração do fim da II Guerra Mundial ocorreram nela. Depois, durante a ditadura comunista, também houve atos políticos e passeatas, entre eles, a Primavera de Praga, liderada por Alexander Dubcek. Jan Palach, um estudante tcheco de 20 anos, se suicidou ateando fogo ao próprio corpo em sinal de protesto contra o regime, em 1969. Um mês depois, outro estudante, Jan Zajíc, fez a mesma coisa. Duas placas foram instaladas no boulevard para relembrar a tragédia. Foi ali também que ocorreram as manifestações da Revolução de Veludo, em 1989, que chegou a reunir meio milhão de pessoas contra a ditadura comunista.
7 – Artista David Cerný
Em nossa caminhada passamos pela obra Kun (cavalo) de David Cerný, um dos maiores artistas contemporâneos da República Tcheca. A estátua fica dentro da galeria Lucerna e é uma versão inusitada da estátua de São Venceslau, com o cavalo de cabeça para baixo. Segundo nossa guia Dagmar, a intenção do artista teria sido demonstrar a falta de sentido dos tchecos celebrarem o duque como um santo padroeiro e terem inclusive um feriado dedicado a ele, sendo que 70% da população do país não tem nenhuma crença religiosa.
8 – Castelo de Praga
Pegamos um táxi em direção ao Castelo de Praga. Dagmar disse que é sempre bom questionar o preço antes e pedir para que o motorista utilize o taxímetro. Fomos para a entrada lateral do castelo, que dizem ter menos filas. Para nossa sorte, não havia fila alguma e passamos pelo detector de metais com bastante rapidez. Compramos o ingresso que dá direito a conhecer todos os ambientes, ainda sem saber se teríamos tempo e disposição para ver tudo. Depois de passear por algumas praças de dentro do castelo, seguimos para a Catedral de São Vito, a maior igreja da República Tcheca.
A catedral é realmente de tirar o fôlego, mesmo para os não religiosos. A obra, que começou em 1344, só foi finalizada em 1929 (ela foi interrompida por causa de guerras e pragas). Lá dentro você poderá ver as tumbas de reis da Boemia e imperadores, alguns vitrais e estátuas.
Terminamos nosso passeio pelo Castelo na Rua do Ouro, ou Rua Dourada, construída no século 16 para abrigar os guardas do castelo de Rudolf II. O nome se deu por conta dos ourives que moraram ali no século 17. A casa mais famosa é a de número 22, onde viveu Franz Kafka entre os anos de 1916 e 1917.
8 – Menino Jesus de Praga
Na saída do castelo paramos para tomar uns drinques em um bar lá no alto, que tem uma vista super legal. E então descemos a pé e fomos visitar a Igreja Nossa Senhora Vitoriosa, onde fica a imagem do menino Jesus de Praga.
9 – Ponte Carlos IV – O que fazer em Praga
De lá caminhamos até a Ponte Carlos IV, construída no século 14, que ficou famosa por causa das estátuas, colocadas mais tarde, entre os séculos 18 e 19, com exceção da estátua de São João Nepomuceno, de 1683. Nepomuceno era Vigário Geral do Arcebispo de Praga e escutava as confissões da rainha Sophia. Quando o rei Venceslau IV soube, pediu para que o vigário contasse o que a rainha havia confessado. Como ele se negou a atender o pedido do rei, acabou sendo assassinado. Anos depois de sua morte, João Nepomuceno foi canonizado.
Tocar na estátua traz sorte
Hoje em dia, dizem que colocar a mão na imagem de bronze do santo sendo jogado no rio dá sorte. No ponto exato onde João Nepomuceno foi jogado no rio tem um pequeno brasão com uma cruz. Também dizem que dá sorte colocar a mão tocando as cinco estrelas. Acredita-se que um desejo será realizado dentro de um ano.
10 – Jantar tcheco típico – O que fazer em Praga
Terminamos o nosso dia com um ótimo jantar no restaurante Mama Lucy, de comida típica tcheca. Fica na super descolada rua Dlouhá, uma das mais animadas de Praga. Nós comemos um prato com carnes de porco e pato acompanhados pelos famosos “dumplings” (ou Knedlík, em tcheco), uma massa feita de pão que não tem gosto de nada mas serve como acompanhamento para quase tudo na culinária regional. Se você também não achar muita graça, pode pedir um outro acompanhamento.
Sobremesa famosa : Trdelník
De sobremesa sugerimos experimentar o famoso Trdelník, encontrado em qualquer esquina da cidade. Na verdade, essa massa coberta com açúcar e canela era uma sobremesa natalina e não tinha sorvete dentro. A invenção veio depois para que o doce pudesse continuar a ser vendido também no verão. E hoje faz sucesso o ano todo!