Como fazer a rota de Champagne

Veja em qual cidade se hospedar, como visitar as caves, saiba algumas histórias interessantes da região e aprenda como o champagne é feito.
Renata Assunção

Como fazer a rota de Champagne é uma decisão difícil, afinal não existe apenas uma, mas várias rotas na região. Nós aqui vamos falar da mais famosa delas, a que passa por Reims, considerada a capital de Champagne, e Épernay,, cidade onde está localizada a famosa Avenue de Champagne. 

Reims é um destino que fica a cerca de 45 minutos de Paris de trem, ou seja, dá para conhecer em um bate e volta. Mas se você, como nós, é um apaixonado por vinho, indicamos reservar pelo menos duas noites para passear pela região. Além disso sugerimos ir de carro. A viagem será um pouco mais  longa (cerca de 2 horas), mas você terá muito mais flexibilidade para passear entre as cidades e para visitar as caves. 

Você pode alugar um carro pela RENTCARS ou, se você for viajar mais de 21 dias pela Europa, indicamos fazer um leasing. Foi o que fizemos. Contamos nossa experiência e damos algumas dicas em “Leasing na Europa: vale a pena?“. 

Quando ir e quanto tempo ficar? Como fazer a rota de Champagne

Se você quer fazer uma visita às caves, nossa recomendação é que viaje entre março e novembro, quando a maioria delas está aberta. A famosa Veuve Clicquot, por exemplo, fecha no inverno. Algumas caves abrem no inverno, mas em horários reduzidos. É sempre importante procurar o site de cada uma para buscar essas informações sempre atualizadas. 

Nós fomos no verão, em agosto, e encontramos as cidades bem cheias, o que dificulta a organização da viagem. Reservas para conhecer as caves e para almoçar ou jantar precisam ser feitas com bastante antecedência. Indicamos ir na primavera ou no outono, quando o clima está mais ameno e as cidades ficam mais tranquilas.

Em qual cidade se hospedar?

Existem várias rotas de Champagne e elas passam por diversas cidades, mas neste post vamos focar nas duas cidades da rota mais famosa: Reims e Epernay. Reims é considerada a capital da região de Champagne e é também conhecida como cidade das coroações e dos reis. Isso por causa de sua catedral. 

Como fazer a rota de Champagne

Um pouco de história de Reims e sua catedral 

A catedral de Notre-Dame de Reims teve sua construção oficialmente iniciada no século 13, com o lançamento de sua pedra fundamental por Alveric de Humbert, após um incêndio que destruiu uma igreja que havia no local, na qual teria sido batizado o rei Clóvis, no século 6. O próprio Humbert chegou a ser acusado de ser o causador do incêndio, para dar início à construção do prédio novo. A obra foi concluída, no formato atual, três séculos após, atrasada pela grande peste que assolou a Europa no século 14, pela guerra dos cem anos e por um grande incêndio no final do século 15. Foi duramente bombardeada pelos alemães na primeira guerra mundial, sendo quase totalmente destruída. Foi reconstruída em 1937. Está entre as três mais importantes catedrais góticas da França, dedicadas a Nossa Senhora, Notre-Dame, as outras são as de Paris e de Chartres. Além de linda, é considerada uma das maiores obras de arquitetura religiosa da humanidade. 

Épernay e a Avenue de Champagne

Reims é uma cidade bem maior e sete vezes mais populosa que Épernay. Tem mais opções de restaurantes, ruas comerciais com lojas famosas, uma variedade de hotéis. Enfim, é uma cidade bem vibrante. Em contrapartida, achamos Épernay mais charmosa. É lá onde fica a Avenue de Champagne, endereço de algumas das caves mais famosas do mundo. Embaixo das grandes mansões, encontram-se milhares de quilômetros de caves subterrâneas onde são produzidas e armazenadas mais de 300 milhões de garrafas da bebida. Na rua, alguns bares e produtores oferecem degustação de champagnes em taças. 

Não espere encontrar grandes lojas (a não ser as lojas de champagne dentro das próprias caves), nem uma grande oferta de restaurantes, mas saiba que poderá jantar em lugares super charmosos (vamos dar algumas dicas no final deste texto) e hotéis bem confortáveis. Então, essa é uma decisão bem particular e vai variar se você quer mais agito ou mais tranquilidade. 

Escolheu a cidade? Agora vamos falar dos hotéis

Primeiro vamos falar do hotel em que nós nos hospedamos, que fica bem pertinho de Épernay, em Vinay, o Hostellerie La Briqueterie. O quarto é confortável, a decoração é linda e o atendimento bem atencioso. O hotel dispõe de sauna e piscina aquecida, o café da manhã é delicioso e eles também possuem um restaurante super elegante (vamos falar dele no final deste post). 

Perto dele não dá para fazer muita coisa a pé, por isso é fundamental estar de carro e eles possuem estacionamento no local. Na região, pouco antes de Épernay, você encontra alguns restaurantes para refeições mais rápidas e simples e também algumas outras lojas.

Nós sempre utilizamos o site Booking.com para fazer nossas reservas e fizemos um post com algumas dicas de como fazer uma boa pesquisa. Para ver, clique AQUI

Algumas outras opções em Épernay

Hôtel La Villa Eugene – Este hotel fica pertinho da famosa Avenida de Champagne. Os quartos são lindos, todos climatizados, espaçosos e decorados no estilo Luís 16. O hotel fica numa residência do século 19 e tem piscina, terraço e estacionamento

La Cave de l’Avenue de Champagne – Este B&B fica a 100 metros da cave Casa Moët et Chandon. Ele possui quartos confortáveis, climatizados, com wi-fi e o hotel possui restaurante e terraço. 

Algumas outras opções em Reims

Novotel Suites Reims Centre – O hotel é bem localizado, fica perto da estação de trem e o quarto é espaçoso e confortável, tem sofá cama e cama de casal grande. Ele também tem estacionamento.

Best Western Premier Hotel de la Paix – Este hotel tem uma ótima nota de avaliação no Booking e está bem localizado. Ele possui alguns quartos bem compactos e outros mais espaçosos. Decoração contemporânea e ambiente climatizado

Como se faz um champagne?

Como fazer a rota de Champagne

Bom, primeiramente, só pode ser chamada de Champagne a bebida que provém exclusivamente desta região da França, que foi mapeada em 1927 pelo Institut National des Appéllations d’Origine (INAO). Vinhos espumantes de outros lugares do mundo não podem ter a mesma denominação. A região empresta ao Champagne características exclusivas. Isso por causa do clima problemático do norte (extremamente frio) e por causa do solo de giz. O giz drena bem, mas ao mesmo tempo armazena umidade suficiente, fazendo com que as videiras raramente ressequem. 

O champagne é feito predominantemente de três uvas: chardonnay, pinot noir e pinot meunier. Ele pode ser um blanc de blanc, que é feito só com uvas brancas, ou seja, apenas com uvas chardonnay e pode ser um blanc de noirs, branco feito apenas com uvas tintas, o que é bem incomum na região de Champagne. E tem ainda o Champagne rosé, considerado o melhor de todos (e mais caro também). Existem dois métodos para fazê-lo: deixar o vinho básico em contato com as cascas da uva pinot noir até atingir a cor rosa, ou, o mais usado que é adicionar um pouco de vinho não-espumante pinot noir em cada uma das garrafas de Champagne antes da segunda fermentação. 

São utilizados entre 30 e 60 vinhos não espumantes para produzir o Champagne. Esse processo é chamado de assemblage. Eles são misturados e seguem para a primeira fermentação, que normalmente é realizada em tanques de inox (algumas poucas caves ainda utilizam barricas de carvalho para a primeira fermentação). Depois o vinho vai para a garrafa, onde uma pequena dose de levedura e um liqueur de tirage (combinação de açúcar e vinho) são adicionados para que ocorra a segunda fermentação. A levedura come o açúcar e é este processo que faz com que o Champanhe ganhe mais álcool e as famosas borbulhas (dióxido de carbono). Em uma única garrafa são produzidas cerca de 56 milhões de borbulhas.

Para finalizar, é preciso retirar a levedura morta de dentro da garrafa. Primeiro as garrafas passam pelo processo de remuage, quando são colocadas de cabeça para baixo e são ligeiramente giradas. A levedura vai pra ponta, é congelada e retirada da garrafa. Depois, para completar o espaço que fica sobrando, a garrafa do Champagne é preenchida com outro licor, o liqueur d’expédition, que definirá o nível de açúcar, mais doce ou mais seco. 

Um pouco de história…

Como fazer a rota de Champagne

Dizem (e essa história é falada até mesmo lá na região) que o champagne teria sido inventado pelo monge beneditino Don Pérignon, mas a verdade é que a bebida foi desenvolvida por vários champanheses. Don Pérignon, no entanto, foi fundamental para aprimorar algumas técnicas. Foi dele, por exemplo, a ideia de armazenar a bebida em recipientes de vidro, o que proporcionou uma melhora considerável no paladar do Champagne. 

Outra pessoa que tem uma história fundamental para importantes alterações da bebida é a viúva Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, que herdou do falecido marido, aos 27 anos, a cave que produz o famoso Champagne Veuve Clicquot. Foi ela quem teve a ideia de fazer a mesa de remuage, melhorando a qualidade do vinho e também foi dela a ideia de misturar vinho tinto e branco para criar o Champagne rosé. Além disso, a viúva tinha tino para o comércio e conseguiu vender sua produção para a Rússia, mesmo durante as guerras napoleônicas. 

Quais caves visitar e como marcar sua visita? 

Você tem algum champagne preferido? Se tiver, sugerimos fazer uma pesquisa prévia para saber se esta cave é aberta para visitas e se o ingresso pode ser adquirido com antecedência. A maioria delas tem todas essas informações em seus sites.

Se você não conseguiu se programar, não tem problema. Existem algumas caves com ingressos que podem ser adquiridos na hora. Os preços variam de acordo com as degustações que você escolhe. Quanto mais nobres os vinhos, mais caros os ingressos. As visitas guiadas duram, normalmente, entre uma hora e uma hora e meia. Nelas você terá uma apresentação sobre como o champagne é feito, visitará as caves subterrâneas (que são bem geladas, prepare o casaquinho), e, ao final, degustará alguns rótulos. 

Nós visitamos três caves, duas delas bem famosas e uma terceira de produção mais familiar: a Moët & Chandon, a Veuve Clicquot e a Boizel, onde conseguimos agendar um tour privado, muito melhor para que a gente pudesse tirar todas as nossas dúvidas sobre a produção vinícola. 

Por isso sugerimos mesclar visitas entre caves grandes e pequenas. As grandes possuem um trabalho muito bem desenvolvido para o turismo, porém são tours com bastante gente e pouca oportunidade de interação. No geral, eles falam um pouco sobre a história da empresa e as duas caves que visitamos tem histórias interessantes com personagens famosos da região: Don Pérignon e Veuve Clicquot. 

Moët & Chandon – Como fazer a rota de Champagne 


A Moët & Chandon começa seu tour contando um pouco da história das famílias. A marca Dom Pérignon, por exemplo, só foi para a empresa Chandon em 1927, quando uma jovem da família Mercier, que era detentora da marca, casa-se com um rapaz da Chandon. Como parte do dote foi oferecida a marca Don Pérignon. Depois de nos contarem essa e outras histórias, fomos encaminhados para as caves subterrâneas e aprendemos um pouco mais sobre a execução da bebida. Ao final, fizemos a degustação e fomos encaminhados à loja da Moët & Chandon.

Veuve Clicquot – Como fazer a rota de Champagne

O passeio pela Veuve Clicquot, que fica em Reims, é parecido ao da Moet. Ambas fazem parte da holding francesa especializada em artigos de luxo, LVMH (Louis Vuitton Moet Hennessy). No início do tour você ganhará um cobertor, já que as caves subterrâneas são bem geladas. O guia contará a história da Madame Clicquot e também falará sobre o processo de execução da bebida. Ao final, provamos alguns rótulos. Como as visitas são bem parecidas umas das outras, não achamos que valha a pena conhecer muitas caves. Escolha a que você mais gosta e depois faça um tour em uma vinícola menor, para descobrir um processo mais familiar. 

Boizel – Como fazer a rota de Champagne

Foi o nosso caso na Boizel. A Boizel é uma cave com um histórico familiar e está sendo administrada pela quinta geração. Como era um tour privado nós pedimos para não caminhar muito pelas caves subterrâneas (que são bem geladas e um pouco desconfortáveis). Sentamos em uma sala e tivemos uma super aula, olhando as regiões pelo mapa e provando diferentes rótulos feitos pela família. Aliás, para nossa surpresa, foi o Champagne de que mais gostamos. Experimentamos o Joyau de France Brut 2000, um vintage feito 65% com pinot noir e 35% com chardonnay. 

Ali também vimos as diferentes taças que foram sendo usadas ao longo do tempo. No início a taça era mais larga na boca e vinha com um pequeno pote para que os sedimentos fossem cuspidos (antes de Madame Clicquot inventar a mesa que ajudaria a fazer o processo de remuage para tirar a borra e limpar a bebida). O modelo atualmente mais indicado para tomar Champagne é conhecido como tulipa. Para entender mais sobre essa questão, você pode ler “A tulipa é a taça ideal para espumantes?“, artigo da revista Adega.

Onde comer?

A região de Champagne tem ótimas opções de restaurantes. Você só precisa se atentar para duas coisas importantes: é necessário fazer reserva com antecedência e os horários de funcionamento, no geral, são bem menores aos que estamos acostumados no Brasil. A maioria funciona durante duas horas para almoço e duas horas para jantar. Entre em contato com os restaurantes para se certificar e fazer sua reserva. Abaixo vamos indicar os três que nós mais gostamos.

Le Theatré

Restaurante com boas opções de champanhes e bons pratos. Pedimos uma lagosta com risoto que estava ótima.

Bistrô Le 7

Esse restaurante fica dentro do hotel Les Berceaux e quando ligamos para fazer a reserva queríamos o outro restaurante do grupo mas ele estava fechado e o bistrô acabou sendo uma grata surpresa. As mesas são mais apertadinhas, mas a comida é bem gostosa. Comemos uma entrada de camarão com uma massa tipo ravióli que estava ótima. 

La Briqueterie

O restaurante é super elegante, o atendimento é eficiente e a comida é boa. Por conta disso, para garantir lugar é bom fazer sua reserva com antecedência.